O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná e responsável pelos processos da Operação Lava Jato, decretou nova prisão preventiva do presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht. A decisão foi divulgada no final da manhã desta sexta-feira (24).
Além dele, também tiveram uma nova decretação de prisão preventiva outros funcionários da empreiteira: Cesar Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo. Outro atingido pela decisão foi o ex-funcionário da companhia, Alexandrino Ramos de Alencar.
Todos já estão presos na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, desde o dia 19 de junho. De acordo com o despacho de Moro, a nova preventiva foi decretada após a obtenção de provas sobre o pagamento de propina a executivos da Petrobras por meio de contras na Suíça.
“Assim, pelo relato das autoridades suíças e documentos apresentados, há prova, em cognição sumária, de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht e contas secretas mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras”, afirmou Moro na decisão.
Também pesou na decisão do magistrado a informação de que o presidente da Odebrecht teria tentado barrar as investigações da Operação Lava Jato, por meio do controle de agentes da Polícia Federal. “O trecho mais perturbador é a referência à utilização de ‘dissidentes PF’ junto com o trecho ‘trabalhar para parar/anular’ a investigação”, acrescenta o juiz da Vara Federal do Paraná.
“Além disso, são aqui invocadas, não como pressupostos da preventiva (prova de autoria e materialidade de crimes), mas como indicativos do risco de reiteração das práticas delitivas sem a preventiva, já que o esquema criminoso teria se reproduzido em outras estatais e persistido mesmo após o início das investigações”, complementou Moro.
“Com o patrimônio e recursos de que dispõe, a Odebrecht tem condições de interferir de várias maneiras na colheita da provas, seja pressionando testemunhas, seja buscando interferência política, observando que os próprios crimes em apuração envolviam a cooptação de agentes públicos”, ressaltou o magistrado.
Na segunda-feira (20), o executivo e mais sete investigados ligados à empreiteira foram indiciados pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, praticados em contratos para compra de sondas de perfuração da Petrobras.
Já na quarta-feira última, Odebrecht ingressou com pedido de liberdade junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Anteriormente, o presidente da empreiteira já havia tentado obter junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região outras liminares semelhantes. Mas nunca teve sucesso.