Depois de uma atuação apenas regular no jogo, o goleiro Naylson virou herói do River Atlético Clube. Em Erechim (RS), o time piauiense foi derrotado pelo Ypiranga por 2 a 0 no tempo normal, mas foi salvo pelas defesas do goleiro nas cobranças de pênaltis, e pelo gol marcado pelo próprio Naylson. O resultado garantiu o time piauiense pela primeira vez na final da Série D do Campeonato Brasileiro.
O jogo foi para os pênaltis porque o River tinha vencido a primeira partida da semifinal pelo mesmo placar, no sábado passado, em Teresina. Mas nada parece abalar o ano de Naylson. Após perder o pai, ainda durante o Campeonato Piauiense, o goleiro tricolor se superou a cada partida e hoje marcou de vez seu nome na história do Galo. Depois dos times acabarem as cobranças de pênaltis em 4 a 4, Naylson foi para o desempate e não só defendeu o chute de Claudinho do Ypiranga, como também converteu a cobrança seguinte, fechando o placar em 5 a 4.
O segundo finalista será definido na tarde do domingo. Enquanto o River desembarca de volta à Teresina, Remo (PA) e Botafogo (SP) disputam a outra vaga em Belém do Pará. No primeiro jogo, os paulistas venceram por 1 a 0. Os jogos decisivos devem acontecer nos dois próximos finais de semana.
Pressão gaúcha
O primeiro lance de perigo veio os 7 minutos. O chute de longa distância de Miranda acertou o travessão e a mão do goleiro Naylson. Na sequência, a defesa do River mandou a bola para a lateral do campo. O Ypiranga pediu um pênalti que não existiu. Mas no lance seguinte, o árbitro marcou.
João Paulo se envolveu em lance com o zagueiro Índio e o árbitro marcou pênalti na queda do jogador do time gaúcho. O mesmo atacante cobrou no canto direito, enquanto Naylson caiu do outro: 1 a 0 aos 12 minutos de jogo.
O jogo cresceu em nervosismo. O River tocava mal a bola. Do outro lado do campo, o Ypiranga continuava a cavar os pênaltis que não foram marcados na semana anterior, em Teresina.
Mais tranquilo na segunda metade do primeiro tempo, o River conseguiu até uma falta na entrada da grande área do Ypiranga. Robson pegou Jadson sem bola. Aos 40, Júnior Xuxa cobrou, mas a bola saiu pela direita da trave defendida por Carlão.
O jogo se inverteu. O River passou a dominar mais a bola e foi salvo pela bandeirinha Fernanda Uliana em duas ocasiões. A marcação equivocada de impedimentos interrompeu duas jogadas de perigo do Ypiranga.
Tensão riverina
Aos 11 minutos do segundo tempo, os gaúchos conseguiram anular a vantagem obtida pelos piauienses na partida de Teresina. João Paulo lançou Maycon. A defesa chegou atrasada e o meia chutou cruzado para fazer 2 a 0.
O jogo, que já era bom para quem gosta de futebol, ficou sensacional. Os dois times buscaram o ataque para decidir a partida no tempo normal. O River fazia pressão com Fabinho, que aos 26 minutos chutou forte e forçou Carlão a espalmar para escanteio. Aos 29, foi João Paulo que furou a cabeçada com o gol vazio.
Aos 34, Flávio Araújo tirou Júnior Xuxa do meio e colocou Bruno Lopes para reforçar a zaga. Mas o tempo foi passado e nenhuma das equipes se arriscou mais, com medo de levar o gol que poderia definir o rumo da partida.
Sofrimento
A única experiência de pênaltis do River foi no primeiro tempo do jogo. O Ypiranga já vinha de uma decisão contra a Caldense (MG) nas quartas-de-final, sendo vencedor por 4 a 3.
Carlão já havia mostrado o grande goleiro que é ao parar os chutes de Fabinho. Naylson demonstrou seu valor ao longo da temporada, mas fez uma partida abaixo da média em Erechim.
O lado escolhido para as cobranças era o que tinha mais torcedores do time de Erechim. Pressão em cima do goleiro Naylson, que caiu no canto certo, mas não impediu o gol de João Paulo na primeira cobrança. Na sequência, com categoria e cobrando no alto, Eduardo empatou.
Jonathan, que entrou no segundo tempo, cobrou no lado esquerdo. Naylson acertou o canto de novo e dessa vez defendeu. A euforia riverina parou logo depois, quando Carlão caiu bem e pegou o chute de Alex Santos: 1 a 1.
Branquinho chutou forte e converteu a terceira cobrança, jogando a pressão para cima do River. Índio não se intimidou e empatou: 2 a 2.
Na sequência, Laerte chutou no canto direito e Naylson ainda tocou na bola, mas não impediu o gol. Fabinho cobrou no alto e manteve a igualdade: 3 a 3.
Restava uma cobrança para cada lado. Saldanha, que jogou no ataque em Teresina e virou lateral direito em Erechim, quase perde o pênalti. A bola acertou o canto da trave, entrou no gol e saiu. Tote, lateral direito de fato, fez paradinha e garantiu o 4 a 4.
As cobranças passaram a ser alternadas. Quem perdesse, estava fora. Claudinho cobrou para o Ypiranga e a estrela de Naylson brilou no canto esquerdo do gol. Após a defesa, o próprio goleiro do River foi para a cobrança do pênalti. Marcou e tirou a camisa para mostrar mais uma vez a foto do pai. O Ratão, apelido do pai que ele leva na camisa debaixo do uniforme em todos os jogos, está iluminando o goleiro tricolor.
Ypiranga (RS) 2x0 River (PI) - 4x5 nos pênaltis
Campeonato Brasileiro Série D - Semifinal
Estádio Colosso da Lagoa - Erechim (RS)
YPIRANGA: Carlão; Saldanha, Claudinho, Fernando e Laerte; Costa, Robson, Maycon (Juninho) e Jean Paulo (Branquinho); João Paulo e Miranda (Jonathan). Técnico: Leocir Pedro Dall'Astra.
RIVER: Naylson; Toti, Índio, Rafael Araújo e Jadson; Amarildon, Esquerdinha (Thiago Dias), Rogério (Alex Santos) e Júnior Xuxa (Bruno Lopes); Eduardo e Fabinho. Técnico: Flávio Araújo.
Arbitragem: Antonio de Carvalho Schneider (RJ), Fernanda Colombo Uliana (PE) e Michael Correia (RJ).