SÃO PAULO - A Tropa de Choque da Polícia Militar usou bombas de gás de efeito moral e jatos de água para retirar manifestantes pró-impeachment da Avenida Paulista, na manhã desta sexta-feira. A PM tentou negociar, desde a noite de quinta-feira, a liberação da via. Por volta das 8h, a corporação deu prazo de 15 minutos para a saída do local. Parte saiu, mas outro grupo se negou e foi tirado à força. Há ainda alguns manifestantes na calçada. Boa parte promete retornar, com barracas, às 21h.
No mesmo dia em que está previsto um ato a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Avenida Paulista, com expectativa de reunir entre 100 mil e 150 mil pessoas, a via ficou bloqueada por grupo pró-impeachment desde quarta-feira. Barracas chegaram a ser montadas em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e manifestantes se revezaram para manter o acampamento.
A corporação teve informação de que caravanas em ônibus já se deslocam em direção à Paulista, na manhã desta sexta-feira. Há expectativa de que Lula participe do ato.
O governo de São Paulo tem dado um tratamento diferente aos manifestantes que ocupavam desde as 20h de quarta-feira a Avenida Paulista para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e protestar contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nada foi feito para liberar o trânsito. A situação é distante do que ocorreu no início do ano, quando atos contra o aumento da tarifa do transporte público foram dispersados à força pela Polícia Militar.
Na tarde desta quinta-feira, líderes de movimentos sociais e centrais sindicais se encontraram com o secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, para cobrar do estado que os manifestantes que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff sejam retirados da avenida.
Centrais sindicais e movimentos sociais marcaram mobilizações em outras 46 cidades do país.Previsto inicialmente para ser uma passeata, o ato a favor de Lula e Dilma deve ficar parado na Avenida Paulista. Segundo o secretário Moraes, o efetivo policial será o mesmo do último domingo: 12 bases móveis, bolsões de seguranças táticos e PMs espalhados no Metrô.
40 HORAS NA PAULISTA
No anseio de ver a derrocada da presidente Dilma Rousseff da presidência, a estudante Giovanna Junqueira, de 27 anos, já está na avenida Paulista há mais de 40 horas. E diz que não sairá, mesmo com manifestações favoráveis ao governo agendadas para a tarde desta sexta-feira.
- Não vamos sair. Ficaremos na nossa, mas não vamos baixar a cabeça. Somos apartidários e estamos aqui pelo melhor do país. Nossa intenção não é o confronto - avisa Giovanna.
Após conversa com a polícia, o grupo que se reuniu com agentes da Tropa de Choque explicou que eles têm 15 minutos para sair.
- Cada um vai decidir o que acha melhor pra si. A polícia sempre foi nossa parceira e está pedindo que a gente saia. Quem optar por não sair vai sair com Choque - avisa uma integrante do grupo.
O produtor Junior de França, 28, disse que fica. Ele também conversou com o tenente-coronel da PM
- A polícia avisou que os petistas chegarão ao meio-dia e disse que teremos que sair.