A matança foi direcionada, principalmente, para as jovens, "novinhas" recrutadas pelo CV
Vítimas foram executadas sumariamente dentro da casa de forró, sem nenhuma chance de defesa
Pode chegar a 24 o número de mortos na maior chacina ocorrida no Ceará em toda a sua história. A Secretaria da Segurança Pública e defesa Social (SSPDS) não tem, ainda, o número exato de vítimas da matança. O titular da Pasta, delegado federal André Costa, convocou, agora há pouco, uma reunião extraordinária na sede da Pasta com todos os comandantes de unidades especiais e o Comando-Geral da Polícia Militar, o delegado-geral da Polícia Civil e o perito-geral do Estado (Pefoce).
A tragédia ocorreu por volta de 3 horas da madrugada deste sábado (27), em uma casa de diversão conhecida como “Forró do Gago”, localizada no bairro Cajazeiras, próximo à BR-116. Segundo levantamentos feitos pela Polícia, a festa estaria sendo patrocinada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), quando o local foi atacado por bandidos do grupo rival, a facção Guardiões do Estado (GDE). De dois carros, um Gol e um Peugeot, desembarcaram os atiradores, entre eles, algumas mulheres, todos armados com espingardas de calibre 12 (escopeta), pistolas de calibres Ponto 40 (.40) e 9 milímetros, além de revólveres de calibre 38.
O grupo invadiu a festa e passou a disparar as armas para todos os lados, atingindo indistintamente quem ali se encontrava. Segundo a Perícia Forense do Estado, no local, ao menos, 14 corpos foram recolhidos, dentre eles, de várias adolescentes e jovens, garotas que teriam sido chamadas pelos traficantes para animar o evento.
Muitos feridos
Contudo, segundo as autoridades, o número de mortos ainda é impreciso, já que muitos feridos foram socorridos por meios próprios, Istoé, levados para os hospitais em carros particulares. Ao menos outras duas pessoas faleceram antes do atendimento, uma mulher que veio a óbito dentro de uma ambulância do Samu quando era transferida para o Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro) e um homem que faleceu na Emergência do hospital “Frotinha” de Messejana. Contudo, já há informações extra-oficiais que indicam que o número de mortes já teria chegado a 24. “Ninguém sabe ainda quantos morreram. Umas 15 pessoas baleadas foram tiradas do local pelos amigos e levadas para vários hospitais da cidade. Não se sabe, oficialmente, quantos morreram”, disse um oficial da PM ao cearanews7 por volta de 11 horas deste sábado.
Ainda de madrugada, o local onde ocorreu a chacina foi isolado por dezenas de viaturas do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque). Diligências foram feitas durante toda a madrugada nos bairros próximos como Barroso I, Barroso II, Cidade dos Funcionários, Messejana, Lagoa Redonda, Passaré, Ancuri, Conjunto Tasso Jereissati, Tancredo Neves, Lagamar e Ancuri, no entanto, os criminosos não foram encontrados.
Um dos carros usados pelos atiradores para chegar no local do crime e, posteriormente, na fuga, foi encontrado ainda na madrugada. Estava abandonado e incendiado no bairro Itaperi, nas proximidades do antigo Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO).
Mobilização
Toda a cúpula da Segurança Pública, que tida ido à cidade de Aracati (a 130Km de Fortaleza) participar da solenidade de lançamento do Batalhão Raio naquele Município, foi orientada a retornar imediatamente para Fortaleza com o objetivo de participar da reunião emergencial na sede da SSPDS. Entre os oficiais da PM há a convicção de que a matança praticada pela GDE certamente será revidada pelos bandidos do Comando Vermelho (CV).
A direção e auxiliares que estavam de folga ou de sobreaviso, para se deslocarem até a sede do órgão, na Avenida Leste-Oeste, para entrarem em plantão extraordinário com o objetivo de realizar as necropsias e perícias complementares nos corpos dos mortos e para exames de corpo de delito nos feridos na chacina. Até o momento, o governo do estado não se pronunciou oficialmente acerca do caso.