Com a formalização da candidatura de Fernando Haddad, prevista para esta terça-feira (11), o candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes, iniciará estratégia para tentar desconstruir a imagem do substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa eleitoral.
Em busca dos eleitores de esquerda, ele pretende se apresentar como um nome mais preparado e com mais capacidade que o petista para derrotar o adversário do PSL, Jair Bolsonaro, em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais.
A ideia é que a campanha eleitoral sustente a ideia de que Haddad tem pouca experiência administrativa e que só chegou ao posto de candidato presidencial por ser apadrinhado por Lula, repetindo a indicação da ex-presidente Dilma Rousseff.
O entorno do pedetista também defende que seja feita uma espécie de comparação crítica entre as realizações de Haddad à frente da prefeitura de São Paulo e de Ciro no comando da prefeitura de Fortaleza e do governo do Ceará.
No final de agosto, o pedetista já começou a ensaiar um discurso crítico ao petista. Em entrevista, ele lembrou da derrota de Haddad em São Paulo, em 2016, e questionou se, caso eleito presidente, terá de consultar Lula em momentos de tensão.
Ciro Gomes (Foto: André Carvalho/CNI)
"Como é que alguém acha que um camarada desse, com quinze dias da eleição, vai virar presidente? Se isso der certo, não dá certo. Sabe por quê? Porque são presidentes desse tamaninho. Que vai passar pra sociedade a necessidade de sair de Brasília em hora de tensão e consultar o Lula no presídio em Curitiba. Isso destrói o país", disse ao site The Intercept.
Segundo a Folha apurou, pesquisa interna encomendada pela equipe de campanha mostrou potencial de crescimento de Ciro sobre eleitores de Lula, sobretudo diante do desconhecimento de Haddad entre parcela da população.
Ao mesmo tempo em que pretende avançar sobre o espólio eleitoral de Lula, o pedestista tentará atrair o voto dos eleitores indecisos, apresentando-se como um candidato fora da polarização entre Lula e Bolsonaro.
"O desafio dele é, sem ser petista, ganhar voto do PT. E, sem ser anti-petista, ganhar o voto de quem rejeita o PT ", resumiu o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
A última pesquisa Datafolha, divulgada na segunda-feira (10), mostrou crescimento de Ciro, que passou de 10% para 13% das intenções de voto.
Ele teve aumento também entre eleitores que disseram ter o PT como partido de preferência, subindo de 14% para 18%, e a menor rejeição entre os seus principais adversários.
'Haddad é PT"
Em busca de eleitores de esquerda, Ciro iniciará nos próximos dias um périplo pelo Norte, passando por todos os estados da região. A ideia é que ele faça, assim como no Nordeste, corpo a corpo com eleitores, por meio de caminhadas e carreatas.
Na região, ele tem 14% das intenções de voto, perdendo para Jair Bolsonaro, com 28%, e empatado em segundo lugar com sua adversária da Rede, Marina Silva, que caiu na última pesquisa de 23% tem 13%.
Em estratégia semelhante a de Ciro, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, pretende explorar a alta rejeição ao PT para tentar enfraquecer a candidatura de Haddad.
Fernando Haddad (Foto: Ricardo Stuckert)
A ideia é lembrar que "Haddad é PT e o PT é Haddad", reforçar a tese de que os governos petistas são os principais responsáveis pela atual crise econômica e pregar que, caso o partido seja eleito de novo, pode piorar a situação econômica.
Um dos coordenadores da campanha presidencial de Alckmin lembra que Haddad estava, até agora, escondido sob a figura de Lula e que, a partir de agora, será finalmente submetido ao que chamou de pancadaria eleitoral.