Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1 (Foto: Divulgação)
Michael Schumacher conquistou cinco de seus sete títulos pela Ferrari (Foto: Getty Images)
Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial de Fórmula 1 (Foto: EFE)
Nelson Piquet comemora uma de suas 23 vitórias na Fórmula 1, esta pela equipe Williams (Foto: Agência Getty Images)
Alain Prost na temporada de 1986 da Fórmula 1 (Foto: Getty Images)
Jim Clark era apontado como maior talento de uma geração, mas morreu precocemente (Foto: Getty Images)
Niki Lauda foi tricampeão em 1984, ao superar Alain Prost por apenas 0,5 pontos (Foto: Getty Images)
Jackie Stewart é tricampeão mundial (Foto: Divulgaçao)
Lewis Hamilton se tornou tricampeão da Fórmula 1 nesta temporada (Foto: Getty Images)
Fernando Alonso na coletiva de imprensa do GP da Rússia de Fórmula 1 (Foto: EFE)
Sebastian Vettel no pódio do GP dos EUA de 2015 (Foto: Getty Images)
Emerson Fittipaldi e Teddy Mayer, da McLaren (Foto: Arquivo Pessoal)
Alguns dos votados
Nostalgia, segundo o dicionário, significa “leve sentimento de pesar despertado pela lembrança de alguém, de algum lugar ou de alguma época boa do passado”. Muitos fãs da Fórmula 1 falam com saudade de tempos que não voltam mais. Vai dizer que você nunca ouviu a frase “Bom era na época de Senna, Piquet, Prost…”? Por outro lado, temos na atual F-1, que nesta semana estará em São Paulo para mais uma edição do GP do Brasil, uma das melhores gerações da história, que talvez só com o distanciamento temporal, ganhe um reconhecimento maior. Ao todo são cinco campeões mundiais no grid:
Lewis Hamilton,
Sebastian Vettel,
Fernando Alonso, Kimi Raikkonen e Jenson Button. Mas será que alguns deles podem dividir espaço com as grandes estrelas do rico passado da maior categoria do automobilismo mundial.
Pedimos para profissionais da TV Globo, do GloboEsporte.com e do SporTV envolvidos com a cobertura do automobilismo para enumerar quem são, na opinião deles, os melhores pilotos de todos os tempos. O universo é grande. Nada menos que 750 pilotos já passaram pela F-1 nos 65 anos de história da categoria. Mas dentre eles, doze foram figurinhas, lembradas nas maiorias das listas e que mostraremos abaixo em um ranking. No top 3, nenhuma surpresa, nomes que sempre aparecem no “pódio” das pesquisas com os maiores da F-1. A lista completa você vê daqui a pouco.
Antes disso, um breve resumo de como foi feito o ranking. Cada entrevistado preparou uma lista de seus dez maiores. Cada um dos pilotos da lista recebeu pontuação equivalente à atual classificação da F-1 (1º - 25 pts, 2º - 18 pts, 3º - 15 pts…). Ao fim, somamos a pontuação para ver o resultado. Ao todo, 17 profissionais participaram da pesquisa: Alexander Grunwald (produtor do SporTV), Alfredo Bokel (diretor de transmissões de F-1 da Globo), Fábio Seixas (Chefe de reportagem do SporTV), Felipe Siqueira (repórter do GloboEsporte.com), Fred Sabino (produtor do SporTV), Jayme Brito (chefe de produção da F-1 da Globo), Lito Cavalcanti (comentarista do SporTV), Livio Oricchio (repórter de F-1 do GloboEsporte.com), Luciano Burti (comentarista da TV Globo), Marcio Arruda (produtor do SporTV), Marcelo Courrege (Repórter de F-1 da Globo), Mariana Becker (Repórter de F-1 da Globo), Rafael Lopes (produtor de F-1 da Globo) e Reginaldo Leme (comentarista da TV Globo e SporTV), Sergio Maurício (narrador do SporTV) e Tulio Moreira (repórter do GloboEsporte.com).
Confira os 12 mais votados:
12º - EMERSON FITTIPALDI - 30 PONTOS
Primeiro brasileiro campeão mundial, em 1972 pela Lotus, Emerson Fittipaldi abriu a porta para os pilotos do país na Fórmula 1. Em 1974, o “Rato” se tornou bicampeão, levando a McLaren ao primeiro título de sua história. Ele foi citado por 11 dos 17 entrevistados. “O Emerson é o pai de todos. Se hoje estamos aqui transmitindo, escrevendo e curtindo a F-1, devemos muito a ele. O precursor. Foi duas vezes campeão do mundo. Só não foi três porque quis viver o sonho da Copersucar”, lembra Alfredo Bokel.
11º LUGAR - SEBASTIAN VETTEL - 47 PONTOS
Surgido como garoto-prodígio no fim da década passada, Vettel quebrou quase todos os recordes de precocidade da categoria. Pela RBR, enfileirou um título atrás do outro de 2010 a 2013 - repetindo Schumi e Fangio únicos a conquistarem pelo menos três títulos de forma consecutiva. Hoje na Ferrari, o alemão reforça que suas conquistas não foram somente pelo bom carro da RBR. Foi lembrado nove vezes na pesquisa. “Tem talento, seriedade e não ganhou campeonatos jogando o carro em cima dos outros como Schumacher” alfineta Jayme Brito.
10º LUGAR - FERNANDO ALONSO - 58 PONTOS
Atualmente sofrendo na problemática McLaren, Alonso é apontado por muitos como o maior talento da geração atual. Responsável por colocar fim à era Schumacher, foi bicampeão em 2005 e 2006. Porém, em razão de escolhas equivocadas e uma pitada de falta de sorte, o que parecia uma carreira recheada de taças, estacionou nos dois títulos. Mesmo assim, graças a grandes campanhas sem possuir o melhor carro, como nos vice-campeonatos de 2010 e 2012, tem seu lugar na história. Foi citado oito vezes na pesquisa, e na segunda posição por Reginaldo Leme. “Um piloto muito completo. Veloz, técnico, forte e equilibrado emocionalmente, estratégico, muito malicioso, forte na parte física. Bom em qualquer tipo de pista ou condições, inteligência acima da média e extremamente dedicado. Ouvi de um dos funcionários da Ferrari q para alguns deles o Alonso era mais completo que Schumacher”, destaca Burti.
9º LUGAR - LEWIS HAMILTON - 61 PONTOS
Quando Hamilton surgiu em 2007, dando sufoco em seu companheiro de McLaren Alonso, via-se que ali não estava um piloto comum. O primeiro título veio no ano seguinte, em 2008. Mas a consagração definitiva só nas duas últimas temporadas, com mais dois títulos com a Mercedes, igualando seu ídolo
Ayrton Senna. Foi lembrado quatorze vezes. “Eu não tinha visto em todos os anos que eu acompanho a Fórmula 1, um piloto, em seu ano de estreia em 2007, com um companheiro de equipe bicampeão como o Alonso, quase ganhar o campeonato. Perdeu por uma falta de sorte. Pra mim foi uma das coisas mais impressionante que acompanhei na Fórmula 1”, destaca Max.
Tricampeão mundial, Stewart disputou o título em quase todos seus anos de atividade na F-1. Foi campeão em 1969 pela Matra, e em 1971 e 1973 pela Tyrrell. Sua contribuição para a categoria foi além das grandes atuações. O escocês usou de sua popularidade e habilidade de comunicação para pedir maior segurança nas pistas. Foi citado onze vezes na pesquisa. "Além de ter sido fora de série nas pistas, foi além dela, sendo um dos principais a usar de seu grande prestígio para cobrar mais segurança, em uma época em que morriam um ou mais pilotos por ano", lembra Felipe Siqueira.
Lauda tem uma das histórias de superação mais belas do esporte. Metódico e determinado, o austríaco chegou à F-1 no início da década de 1970, reformulou a Ferrari e conquistou seu primeiro título em 1975. No ano seguinte, ficou entre a vida e a morte após um forte acidente e chegou a receber extrema unção. Em uma recuperação inacreditável, voltou às pistas semanas depois e quase foi campeão. Bi em 1977 voltou três anos depois pela McLaren, e ainda teve tempo para, já veterano, faturar o tri em 1984. Foi mencionado 14 vezes. "Um campeão que recebeu a extrema-unção no hospital e voltou a correr 40 dias depois de quase morrer queimado dentro já seria um herói. Mas ele foi além, e ainda conquistou mais dois campeonatos, o último deles como um veterano que voltou da aposentadoria", destaca Alexander Grunwald.
Bicampeão mundial em 1963 e 1965 pela Lotus, Clark até hoje é considerado por muitos como o maior talento britânico. Dono de talento natural e personalidade introspectiva, Jim teve uma carreira destinada à glória interrompida precocemente aos 32 anos em razão de um acidente fatal em uma corrida de F-2 em 1962. Uma perda comparada à morte de Senna em 1994. Foi lembrado 14 vezes, a maioria delas entre os 5 primeiros, tendo sido apontado em segundo duas vezes. “Clark foi o piloto mais rápido de seu tempo e, além de números incríveis para a época, só não ganhou pelo menos mais dois títulos por causa de falhas do carro da Lotus nas corridas finais de 1962 e 1964, nas quais ele liderava folgadamente e ganharia os campeonatos. Além disso, Clark morreu com apenas 32 anos, justamente quando a Lotus ainda estava entrando na sua fase mais vitoriosa, que culminaria nos títulos de Graham Hill (1968), Jochen Rindt (1970) e Emerson Fittipaldi (1972). Assim como Ayrton Senna, foi um artista cuja obra ficou inacabada”, avalia Fred Sabino.
Maior rival de Senna, Alain Prost conquistou quatro títulos mundiais, em 1985, 1986, 1989 e 1993, e alcançou a expressiva marca de 51 vitórias na categoria, recorde batido apenas por Schumacher. Extremamente técnico e cerebral ganhou a alcunha de “Professor”. Foi citado 16 vezes e só não esteve presente em uma das listas. "Prost foi só o principal rival do maior piloto de todos os tempos. Só por isso já mereceria entrar na lista. Mas ele era um dos pilotos mais cerebrais que já vi no automobilismo. Sabia quando forçar, quando poupar o carro e, mais do que isso, manjava de tática como nenhum outro em seu tempo. Não à toa ganhou o apelido de Professor", destaca Rafa Lopes.
Com conhecimento apurado em mecânica, oriundo de anos de trabalho em oficinas, talento, e inteligência dentro e fora da pista, Piquet fez história na F-1. Faturou dois títulos pela Brabham em 1981 e 1983. Sagrou-se tricampeão em 1987 na Williams em um campeonato onde superou um forte acidente em San Marino e precisou usar toda sua sagacidade para derrotar dentro e fora da pista o inglês Nigel Mansell em uma equipe predominantemente britânica. Foi lembrado por todos os 17 entrevistas, Piquet apareceu em primeiro nas listas de Courrege e Sergio Maurício. “Idolatrias de infância à parte, para mim, a carreira do Piquet na F-1 tem características únicas. Ele foi campeão duas vezes com uma equipe que não ganhou o mundial de construtores. A Brabham BT49 era, com boa vontade, o segundo carro do grid de 81, atrás de Williams e Renault. Já em 83, a BT52 estava bem atrás de Ferrari e Renault. Piquet somava agressividade, capacidade estratégica e conhecimento técnico num nível diferente dos demais. Por tudo isso, ele é o meu favorito”, enumera Marcelo Courrege.
Fangio foi o primeiro grande nome da história da Fórmula 1. Destemido, talentoso e inteligente, o argentino compreendeu rapidamente as nuances da recém criada categoria e colecionou títulos. Campeão de 1951, 1954, 1955, 1956 e 1957, estabeleceu uma marca que poucos acreditariam que seria batida. Fangio foi citado 14 vezes, a maioria entre os quatro primeiros colocados, e três delas no topo, por Jayme Brito, Fred Sabino e Márcio Arruda. “O argentino é o melhor da história pelos números percentuais. Foram 51 GPs disputados com 24 vitórias e 29 poles. Subiu ao pódio em 35 - ele completou 37 corridas (só em 2 corridas que ele chegou ao fim e não subiu ao pódio). Foi campeão em 5 mundias, tendo disputado 9 (ganhou mais da metade que disputou). Isso sem contar que foi vice em 1950 e 1953”, destaca Márcio Arruda.
Nos anos 2000, Schumacher e Ferrari reescreveram a história da Fórmula 1. Com cinco títulos com a escuderia de Maranello, Schumi chegou a um até então inimaginável heptacampeonato, quebrando todos os principais recordes da F-1: títulos, vitórias, poles, pódios, melhores voltas. Uma “Era”, um domínio nunca antes visto na categoria. Schumi foi citado por 16 dos 17 profissionais, quase sempre entre os três primeiros, sendo apontado como o maior de todos por Livio e Fábio Seixas. “Tive a chance de acompanhar, in loco, cinco dos sete títulos do alemão. Cobri aquelas temporadas completas. E testemunhei um domínio único em toda a história da F-1. O reinado de Schumacher foi o mais duradouro e o mais avassalador que a categoria já viu. Suspeito que alguns de seus recordes jamais serão superados”, relembra Fábio Seixas.
1º LUGAR - AYRTON SENNA - 359 PONTOS
Em nove de dez listas mundo afora sobre os maiores de todos os tempos, Ayrton Senna aparece no topo. E aqui não foi diferente. Dono de um talento raríssimo, uma determinação invejável e uma aura de difícil explicação, Senna é quase uma unanimidade não só no Brasil, como em todo o planeta. Tricampeão mundial em 1988, 1990 e 1991, teve a vitoriosa carreira interrompida com a morte trágica em 1994. Morte que mitificou ainda mais sua figura. Senna foi citado por todos na pesquisa, mas não foi considerado o melhor por unanimidade. Dos 17, dez apontaram o brasileiro como maior da história. "Perante um grau mais alto de dificuldade, ele inspirava mais confiança que Schumacher, por exemplo. O Ayrton sempre tinha a capacidade de surpreender", analisa Reginaldo Leme. Perguntado por que Senna merecia ser considerado o melhor de todos os tempos, Lito Cavalcanti resumiu: “Não é questão de merecer, é questão de ser. Ele sabia que talento não é nada sem esforço e determinação”.