terça-feira, 5 de abril de 2016

Governo avalia só dar cargos após votação de impeachment de Dilma

Previsão inicial é de que o afastamento de Dilma seja discutido a partir do próximo dia 15



Os de aliados, integrantes da cúpula do governo estudam estender o balcão de negociações dos cargos até a votação, no plenário da Câmara, do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A previsão inicial é de que o afastamento da petista seja discutido pelos 513 deputados a partir do próximo dia 15. De acordo com integrantes do governo, a ideia estudada é "amarrar" os acordos com o chamado centrão (PSD, PP, PR e PRB) e entregar os cargos apenas depois da votação. Dessa forma, o governo poderia diminuir os riscos de ser traído.
Segundo lideranças envolvidas nas tratativas, o receio é de que, diante de um alto número de dissidentes nesses partidos, o governo não teria tempo para realizar uma nova reforma ministerial em apenas dois dias, prazo que o processo de impeachment deve sair da Comissão Especial e ser votado em plenário.

Nos últimos dias, o Planalto resolveu apostar na atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há a avaliação de que sua ação já tem feito a diferença na contabilidade dos votos contra o impeachment, embora ainda não haja segurança sobre os votos necessários para evitar o afastamento da presidente.Apesar das discussões dentro do governo sobre o tema, não há consenso em torno da proposta de estender as negociações, já que outra corrente de assessores diretos da presidente Dilma Rousseff consideram esta ideia descabida.
O adiamento entra neste contexto de que Lula possa ampliar as negociações com as cúpulas partidárias de modo que o grande porcentual de indecisos no chamado "centrão" se decida pela manutenção da presidente.
Negociações
Apesar das divergências dentro da cúpula do governo, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), envolvido diretamente nas negociações, informou que a legenda não pretende assumir nenhuma pasta até que seja concluída a votação do afastamento de Dilma pelos deputados. "Ninguém assume cargos até a votação do impeachment", ressaltou Nogueira. "Quero apenas que o PP após a votação seja reconhecido como a maior bancada governista", acrescentou.
Segundo ele, a decisão ocorreu após reunião com o PR e o PSD. Procurado, o presidente do PSD, Guilherme Campos, considerou que a previsão de conclusão das tratativas não ocorrerá nos próximos dias. "As negociações vão se estender pelos próximos dias. Não deve ser nada definido agora", afirmou Campos.

O PR pretende definir seu posicionamento em relação ao impeachment somente após a apresentação do relatório da Comissão Especial. Já o PRB, com 22 deputados, que havia deixado a base governista, deve retornar em troca da pasta que não ficar com o PR.Estuda-se dar mais um ministério ao PR, que hoje comanda o Ministério dos Transportes. Pela última equação do Planalto, o partido de 40 deputados pode ficar com Turismo, pasta que era comandada pelo PMDB, ou Esporte, antes nas mãos do PRB.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), atrela os 25 votos que diz ter à permanência de seus indicados no comando de ministérios: Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência) e Mauro Lopes (Aviação Civil). Na conta do governo, tirar o PMDB da Saúde agora poria em risco esse apoio, sem a garantia de que o PP entregaria esses votos.
Henrique Eduardo Alves ocupou durante 11 meses o cargo de ministro do Turismo. Ele anunciou sua demissão no dia 28 de março. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 16.03.16
Kátia Abreu comanda o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desde janeiro de 2015, quando teve início o segundo mandato de Dilma. A ministra defende que o PMDB não deve sair do governo e é alinhada com Dilma. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Mauro Lopes tomou posse do Ministério da Aviação Civil no dia 17 de março. Na ocasião, ele foi ameaçado de expulsão do PMDB por contrariar decisão do partido de não assumir cargos no governo. Foto: José Cruz/Agência Brasil - 17.03.16
Helder Barbalho assumiu em 6 de novembro o Ministério dos Portos. Antes, ele estava no comando do Ministério da Pesca. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil - 24.02.16
Marcelo Castro é ministro da Saúde desde 5 de outubro de 2015. Castro é um dos que argumentam que ainda não é hora do PMDB sair do governo. Foto: CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS
Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, assumiu o cargo em 2015, quando teve início o segundo mandato da presidente Dilma. Foto: Agência Brasil
Celso Pansera é o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação desde outubro de 2015. Ele é um dos defensores da permanência do PMDB no governo. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
Henrique Eduardo Alves ocupou durante 11 meses o cargo de ministro do Turismo. Ele anunciou sua demissão no dia 28 de março. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 16.03.16
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