O ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho também informou, em delação à força-tarefa da Operação Lava Jato, que a empreiteira teria contribuído com a campanha da deputada federal Iracema Portella (PP) no pleito de 2014, quando ela disputou a reeleição para a Câmara Federal.
A doação para a campanha de Iracema, segundo Melo Filho, foi feita a pedido do próprio senador piauiense, que é presidente nacional do Partido Progressista desde abril de 2013.
“No ano de 2014, atendendo a pedido do parlamentar, recomendei internamente que a seguinte doação fosse realizada para a campanha de sua esposa, Iracema Portella, que concorria ao cargo de deputada federal. A doação foi efetuada no valor aproximado de R$ 500 mil”, detalhou o ex-executivo da Odebrecht, que também disse ter mantido diversos contatos com Ciro Nogueira para tratar sobre ajuda financeira a candidatos do Partido Progressista.
A revista Veja disponibilizou a íntegra da delação feita por Cláudio Melo Filho. Confira aqui.
"Por razão da minha atuação na companhia, mantive diversos contatos com o Senador Ciro Nogueira e, nas ocasiões abaixo narradas, recebi pedidos de contribuição financeira. Recebi, no segundo semestre de 2010, pedido do parlamentar de contribuição financeira. Esse encontro provavelmente deve ter ocorrido em seu gabinete na Câmara dos Deputados. Sugeri internamente a inclusão do nome do parlamentar para receber o valor de R$ 300.000,00, o que foi aprovado. O pagamento foi operacionalizado pelo setor de operações estruturadas, com o uso dos codinomes “Helicóptero” e “Cerrado”. Fui o responsável por passar a senha para o senador. No segundo semestre de 2014, o Senador Ciro Nogueira solicitou a mim, em reunião provavelmente realizada em seu gabinete no Senado Federal, apoio para a campanha dos candidatos do PP. A solicitação foi por mim encaminhada a Benedicto Junior que aprovou o valor de R$ 1.300.000,00. Pedi a José Filho que procurasse o Senador e viabilizasse o pagamento. O valor foi pago em setembro de 2014 através da área de operações estruturadas, como consta na planilha", revelou ao Ministério Público o ex-diretor da Odebrecht.
O senador Ciro Nogueira disse que as doações recebidas pelo partido foram legais e sempre devidamente declaradas à Justiça Federal.
Heráclito e Paes Landim receberam contribuições de R$ 200 mil e R$ 100 mil, respectivamente
Outros dois parlamentares do Piauí citados na nova delação feita à força-tarefa da Operação Lava Jato foram os deputados federais Heráclito Fortes e Paes Landim, que tinham os codinomes "Boca Mole" e "Decrépito".
Num trecho da delação, Melo Filho afirma que Paes Landim possui "longa relação" com a Odebrecht, e menciona uma doação de R$ 100 mil ao deputado do Piauí. "Paes Landim possui longa relação com a empresa, estando já em seu oitavo mandato como Deputado Federal. Sua relação com a empresa vem desde o final da década de 1980 e eu continuei esse relacionamento. Por várias vezes tentou publicar a história da Odebrecht em livros que são editados pelo Congresso. Chegou a solicitar encontros com o fundador da Odebrecht, mas que não se concretizou. Em algumas oportunidades discursou sobre a Engenharia Brasileira e sempre citava a Odebrecht como exemplo. Chegou a me procurar para que participássemos da construção do aeroporto em Parnaíba (Piauí), mas agradeci e disse a ele não era uma obra adequada para o tamanho de nossos projetos", afirmou o ex-executivo na delação ao MPF.
Para Heráclito, o delator disse que a empresa doou R$ 200 mil, por conta de sua forte influência política no Congresso. "O trânsito deste parlamentar com o meio político agregou a mim uma melhor percepção dos “players” em Brasília. Considero Heráclito muito bem informado e tem leitura da história política que ajuda a qualquer RI que trabalha em Brasília. Em razão das fortes relações políticas que tem, Heráclito sempre ajudou nanálise dos principais temas políticos. Esse acervo político e as suas fortes relações
justificavam que fossem realizados pagamentos a pretexto de campanha", disse.
Por meio de sua assessoria, o deputado Heráclito Fortes informou que a contribuição recebida durante a campanha foi feita estritamente dentro da legalidade, registradas junto à Justiça Eleitoral.
"Sobre a citação do nome do deputado Heráclito Fortes na delação do ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, esclarecemos tratar-se de contribuição para campanha eleitoral, sem qualquer vinculação com propina, como afirma o próprio delator. Além disso, o teor das declarações em nada compromete o deputado. Vale ressaltar ainda que as doações feitas pela empresa foram devidamente registradas na Justiça Eleitoral e as contas de campanha aprovadas pelo TRE/PI. Tudo rigorosamente de acordo com a lei", diz a nota.
A reportagem também tentou contato com o deputado Paes Landim, mas não obteve êxito.
Fonte: Da Redação
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