“Eu só acredito em política assim. Se isso não é regra em política, pois eu quebrei as regras, porque eu não sei fazer política enganando, mentindo, nem fazendo conchavos desonestos”. A frase da deputada federal Francisca Trindade, que nesta quinta-feira (27/07/2017) completa 14 anos de seu falecimento, revela que a parlamentar remava, na política, em uma espécie de maré contrária.
Filha de Raimundo Pereira da Trindade e Lídia Maria da Trindade, iniciou sua atuação política nos movimentos de juventude da Igreja Católica, no bairro da Água Mineral, zona norte de Teresina. Estudou de Filosofia e Teologia, na Universidade Federal do Piauí, não concluiu a primeira graduação.
Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde os primórdios de sua vida pública, foi presidente da Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários (FAMCC), no período 1992/1994 e eleita primeira suplente de vereador em Teresina no ano de 1992, sendo que sua efetivação ocorreu em 1994 quando Wellington Dias foi eleito deputado estadual.
Reeleita para o legislativo municipal no ano de 1996, sua atuação permitiu que fosse eleita para um mandato de deputada estadual em 1998, circunstância que a fez renunciar ao mandato de vereadora e com isso permitir a efetivação do primeiro suplente João de Deus Sousa. No ano 2000 foi candidata a vice-prefeita de Teresina na chapa encabeçada por Wellington Dias, mas apesar de expressiva votação o pleito foi decidido em primeiro turno com a vitória de Firmino Filho.
No ano de 2002, foi eleita deputada federal estabelecendo o recorde de 165.190 votos. Foi a mais votada no Piauí naquele pleito para a Câmara Federal.
Desde sua chegada a Brasília, era cotada para disputar as eleições para Prefeitura de Teresina. A eleição ocorreu no ano de 2004, porém seu falecimento prematuro alterou os rumos da disputa municipal na capital do Piauí.
Francisca das Chagas Trindade tinha 37 anos quando faleceu, vítima de aneurisma cerebral. Ela nasceu no dia 26 de março de 1966. De família humilde, era caçula de quatro irmãos. Nunca se abateu diante dos problemas. Era guerreira, mãe de dois filhos, dona de casa e sempre via a possibilidade de melhorar a vida das pessoas. Lutava com todas as forças em tudo que se dedicava.
A ética, o respeito, a honestidade eram marcas registradas de Francisca Trindade, que deixou um legado de como se faz política da forma verdadeira, sem mentiras, nem enganação, sem conchavos, como ela mesmo dizia.
Trindade deixou o Piauí órfão no dia 26 de julho do ano de 2003. Ela se foi, mas seu legado, sua marca, suas ações até hoje se perpetuam através das ações da Fundação Francisca Trindade, que foi criada por amigos dela e funciona no Mocambinho, zona norte de Teresina, com escola de balé, cursos de qualificação e capacitação, reforço escolar, dentre outras atividades.
Hoje, com a ética política em turbulência, no mínimo, a regra de Francisca Trindade fazer política deveria ser espelhada de norte a sul do país.
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