Nem sempre os relacionamentos em nossas vidas são saudáveis, e pode ser difícil reconhecer quando não são. Algo que pode explicar essa dificuldade é o fato de muitas vezes acreditarmos - ou querermos acreditar - que todas as pessoas em nossa volta têm boas intenções. Infelizmente, nem sempre isso acontece e, sem percebermos, podemos estar em contato com alguém que tem comportamento manipulador.
Como a manipulação acontece
Pessoas com personalidade manipuladora podem enxergar outros indivíduos como peças de um quebra-cabeça que servem para obter os resultados desejados. Esse tipo de estratégia de manipulação pode ser direta ou indireta, segundo a psicóloga Adriana de Araújo, que também é especialista no Minha Vida.
Manipulação direta
A manipulação direta se dá pela imposição de ideias a determinado indivíduo. Nessa situação, ofensas e até agressão física podem ser usadas pelo manipulador para conseguir o que ele quer, de forma que através do medo, você pode pouco a pouco ir se submetendo às vontades do outro sem que ocorra a percepção disso.
Veja exemplos da manipulação direta no cotidiano:
- "Se você não fizer o que eu quero, iremos terminar", ou então "Se terminarmos, você nunca encontrará alguém tão bom quanto eu" são frases que podem ser usadas para manipular alguém em relacionamentos, por exemplo
- "Qualquer um pode fazer isso", é um exemplo de frase que menospreza as qualidades do próximo e o inferioriza, podendo ser usada para fazer a pessoa acreditar que precisa de ajuda, que não é capaz de fazer sozinha
- "Pare de ser dramático" é uma fala que, dependendo da situação, pode ser uma forma de fazermos com que as pessoas ignorem seus sentimentos e sintam que estão reagindo exageradamente frente a um problema concreto.
Manipulação indireta
A manipulação indireta é a mais frequente. Neste caso, a pessoa que é manipulada é colocada em uma posição de observador. Seja em ambiente profissional, educacional ou até mesmo domiciliar, a vítima da manipulação vai sendo colocada em segundo plano, tendo seu poder de fala excluído, sem espaço para que suas ideias, opiniões e desejos sejam expressados.
"É comum que ocorra a chantagem emocional, isto é, um indivíduo que apele aos sentimentos para conseguir o que quer, e caso não consiga, irá fazer você acreditar que você é o grande culpado. Cria-se um mal estar emocional, um estado de mente onde temos sentimentos de dúvida sobre nossa capacidade, além da insegurança para tomar atitudes", explica Adriana.
Um comportamento manipulador costuma ser expressado por meio de críticas excessivas, rebaixamento e até a humilhação. Isso faz com que pouco a pouco, a essência da pessoa que está sendo manipulada seja oprimida, e isso pode acarretar sérios danos para a saúde emocional de quem passa por esse tipo de situação. "Conviver com a manipulação faz você sentir como se já não estivesse mais sob controle da sua vida", alerta a especialista.
Exemplos da manipulação indireta no cotidiano:
- "Se fizermos as coisas do meu jeito, será melhor para nós" é uma frase que evidencia esse tipo de manipulação, que coloca as necessidades do outro em segundo plano de maneira sutil. Pode parecer que você está pensando no bem estar do próximo, quando na verdade, você pode estar excluindo suas opiniões e sentimentos
- "Olha o que você me fez fazer" também pode ser um dizer manipulativo, já que você transfere a responsabilidade de suas ações para alguém que não tem o poder de te fazer tomar decisões
- Dizer "eu apenas fiz isso para ajudar" quando na verdade fizemos algo intencionalmente para prejudicar alguém, é uma forma de atingirmos nossos objetivos utilizando os meios que julgarmos necessários sem que tenhamos que enfrentar as consequências disso.
Manipulação sutil
Há também quem possa manipular os outros de maneira delicada ou até mesmo doce. Podem ser usadas críticas em meio à elogios, de forma que, por mais que você se sinta confortável com seu rendimento em determinado assunto, você não terá satisfação total no que realizou, porque há entrelinhas, um defeito indicado pelo outro. Este defeito indicado pode não ser válido, sendo colocado em meio a uma fala agradável para causar o desconforto a quem os argumentos são direcionados.