sexta-feira, 11 de março de 2016

Sarah Menezes é destaque entre as mulheres olímpicas brasileiras

Ana Marcela e Poliana nadam 10 km. Cisiane e Erica marcham 20 km. Adriana e Marily correm 42 km. Aline, Lais, Gilda, Joice e Iris lutam. Sarah, Érika e Mayra estão entre as seis melhores do mundo no judô.
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Essas mulheres são brasileiras. A maioria delas já está com vaga garantida nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Outras são favoritas para vencerem seletivas internas de modalidades também com lugar certo na Olimpíada. Todas disputam esportes em que, além de técnica, é preciso resistência, força e coragem para receber golpes e enfrentar longas jornadas diárias de treinamento.
Há quatro anos, na Olimpíada de Londres, o Brasil teve, em provas femininas, 14 atletas competindo na maratona aquática, na marcha de 20 km, na maratona do atletismo, no boxe, no levantamento de peso, na luta olímpica, no judô e no taekwondo.
Agora, no Rio, nessas mesmas modalidades, já são 21 atletas garantidas. E esse número ainda pode aumentar, tornando possível praticamente dobrar em relação ao que aconteceu na Inglaterra. Como um todo, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) prevê uma equipe nacional cerca de 60% maior do que a enviada a Londres.
E a maioria das mulheres brasileiras que esbanja resistência e força não estará no Rio por conta das vantagens que o país sede tem para inscrever competidores (em muitos esportes, o Brasil vai participar mesmo tendo resultados internacionais sofríveis). Elas conseguiram suas vagas em pré-olímpicos, por mérito, obtendo índices estabelecidos pelas federações internacionais e com resultados expressivos em Mundiais.
Em Londres, o Brasil só teve Poliana Okimoto na maratona aquática. Agora, além dela, o país irá contar com Ana Marcela Cunha. Ambas conquistaram suas vagas no Mundial de esportes aquáticos de Kazan, na Rússia, em julho do ano passado. Poliana foi a sexta colocada e Ana Marcela ficou com a medalha de bronze.
Melhor ainda no atletismo, modalidade em que o Brasil não teve representantes na marcha de 20 km, há quatro anos, e contou com apenas uma atleta na maratona. Na Rio 2016, Cisiane Dutra Lopes e Erica Rocha de Sena conseguiram índice para a marcha, e o país já tem três competidoras (o número máximo por país) com tempo pessoal suficiente para disputar a maratona.
Na luta olímpica, a delegação brasileira já conquistou quatro vagas no feminino, uma delas com Aline Silva, pelo quinto lugar no Mundial de 2015, e outras três na última semana no Pré-Olímpico das Américas. Em Londres, o país só teve uma representante na modalidade.
No judô, o Brasil continuará com o máximo de atletas: uma para cada uma das sete categorias. As escolhidas ainda estão sendo definidas, mas pelo ranking mundial a chance de medalhas com as mulheres é muito maior do que entre os homens.
Sarah Menezes é a terceira melhor do mundo na categoria até 48 kg, assim como Erika Miranda nos 52 kg. Nas competidoras com até 78 kg, Mayra Aguiar é a sexta no ranking. Já no masculino, o Brasil tem hoje apenas um top 10: Victor Penalber (81 kg).
A ESPN conversou com algumas dessas brasileiras que vão estar no Rio para saber como elas conciliam a rotina de treinos com sua vida cotidiana e o porquê de se destacarem cada vez mais no cenário esportivo.
Sarah Menezes (judô) – ainda não está classificada
“As mulheres passaram a acreditar mais em seu potencial! Passaram a enfrentar seu grande medo, que era vencer! Com muita persistência e determinação (conciliamos os treinos com o dia a dia). Hoje moro sozinha, mas convidei uma garota do judô para me ajudar nos treinos e agora divido as tarefas com ela. Mas antes de ela chegar, eu fazia tudo sozinha, além dos meus treinamentos… Cozinho, lavo louça, faço tudo em casa. Acordo às 8h e vou dormir meia noite, todos dias. Treino três vezes por dia, às vezes quatro.”
Marily dos Santos (maratona) – já classificada para os Jogos Olímpicos
“Mulher fala menos e faz mais, treina mais, ouve mais o que os treinadores falam. Levamos as coisas muito a sério. Os homens deveriam levar as coisas mais a sério. Nós somos guerreiras e estamos prontas para o der e vier. Os homens são mais preguiçosos”, avaliou a atleta, que já conseguiu índica para a Rio 2016, mas aguarda a confirmação da vaga, no dia 8 de maio.
Casada há 16 anos, Marily – que começou a correr aos 19 e hoje tem 38 – ainda não tem filhos. “Que mulher não tem vontade de ter filhos? É um sonho. Mas ainda não deu tempo. Primeiro, quero me dedicar ao dom que Deus me deu, me entregar. Sempre estive no auge, consegui bons resultados. E tem várias atletas deixando para ter filho com 40 anos. Meu marido é meu treinador, então ele compreende. E ele faz de tudo para eu ficar descansada. Quase não faço muitas tarefas de casa. Gosto mais de bagunçar do que de arrumar (risos)”, completou.
Poliana Okimoto (maratona aquática) – já classificada para os Jogos Olímpicos
“Como não tenho tempo, não consigo ser dona de casa. Gosto de cozinhar e, modéstia à parte, acho que minha comida é boa (risos). Mas como não tenho tempo, a comida do dia a dia é minha mãe que faz”, revelou a maratonista, que arriscou a ‘receita’ de seu sucesso. “Sou perfeccionista e minha psicóloga fala que é um perfil bom para esportista, porque sou obsessiva no que eu quero.”
Cisiane Dutra Lopes (marcha atlética) – já classificada para os Jogos Olímpicos
“No meu ponto de vista, acho que as mulheres estão conseguindo mais destaque por terem como característica serem muito determinadas, correrem atrás dos objetivos. É bem difícil (conciliar a os treinos com a vida pessoal). É no esquema ‘se vira nos 30’. Tenho duas sessões de treino por dia, mais muitas da rotina diária: levar e buscar meu filho na escola, fazer feira, cuidar da casa. Temos que tirar força de onde não tem. É complicado principalmente quando viajo para competir. Aí, minha mãe me ajuda, faz tudo para mim. Às vezes, quando fico doente e não paro de fazer as coisas, meu marido brinca…. diz que sou um tanque de guerra, que se fosse ao contrário, ele estaria deitado na cama. Mas nós, mulheres e atletas, não podemos nos dar a esse luxo.”
A atleta de 33 anos é casada há sete e tem um filho de três anos. “Acordo às 5h45, faço café, me arrumo, arrumo meu filho, levo ele na escola. Aí vou treinar, volto pra casa, cuido de tudo por lá, tomo banho, almoço, descanso, treino de novo e busco meu filho na escola umas 17h30. Pra eu conseguir treinar, ele fica o dia todo na escola. Volto pra casa e faço janta. Como meu marido trabalha à noite, espero ele chegar. Vou dormir umas 22h30. Na hora do almoço, ele está em casa e é quando conseguimos nos ver mais. Treino de segunda a sábado. De segunda, terça e quinta, em dois períodos. De quarta e sexta, um só.”
Erica Rocha de Sena (marcha atlética 20km) – já classificada para os Jogos Olímpicos
“Resistência não é uma capacidade física que se consegue de um dia para o outro. É preciso ter paciência, trabalhar forte e ter muita dedicação, pois (as provas) são muito desgastantes”, avaliou a atleta, que contou sobre sua rotina pesada de treinos.
“Para conciliar as atividades diárias, às vezes para mim é muito complicado, porque treino dois períodos por dia, quatro horas de manhã e duas à tarde. Fora as sessões de fisioterapia e massagem. Chego em casa e tenho que cozinhar; normalmente já deixo tudo pronto no dia anterior, assim fica mais fácil. Os dias que eu tenho mais livre são sábado e domingo à tarde, mas às vezes estou tão cansada que não tenho ânimo nem para fazer as unhas (risos).”

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