sexta-feira, 6 de abril de 2018

Lula deve ser 6º ex-presidente a ser preso, o 1º por crime comum


 I
Com a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá se tornar, nesta sexta-feira, 6, o sexto presidente da República a ser preso. As cinco prisões anteriores foram todas por motivos políticos. Apenas uma foi em período de normalidade democrática - e logo depois veio turbulência. Lula será o primeiro preso acusado por crime comum.
 
O primeiro ex-presidente da República preso no Brasil foi Hermes da Fonseca. Ele governou entre 1910 1914. Em 1922, era presidente do Clube Militar, quando foi preso por fazer críticas à intervenção federal na eleição em Pernambuco.

Hermes ficou detido por seis meses. A prisão teve consequências políticas que ficaram para a história. Três dias depois, estourou a revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
 
 Revolução de 1930


Movimento que derrubou a República Velha, a Revolução de 1930 levou Getúlio Vargas ao poder e colocou dois ex-presidentes atrás das grades. O primeiro deles foi Washington Luís, que estava no poder desde 1926. Foi deposto logo que o movimento eclodiu, em 24 de outubro daquele ano - o mandato se encerraria em 15 de novembro. Deixou o Palácio Guanabara, levado ao Forte de Copacabana. Mais tarde, negociou com os revolucionários e partiu para o exílio na Europa e nos Estados Unidos. Só retornou ao Brasil em 1947, dois anos após a queda de Vargas.

Em 1932, o regime instalado com a Revolução de 1930 prendeu o segundo ex-presidente: Arthur Bernardes, que havia governado entre 1922 e 1926, antecedendo Washington Luís. Foi detido em 23 de setembro no Interior de Minas Gerais, ao incitar levante em Minas Gerais em apoio à Revolução Constitucionalista que eclodira em São Paulo.

Preso no município de Araponga, perto de Viçosa, foi levado de trem para o Rio de Janeiro. Prestou depoimentos na Ilha das Cobras e na Ilha do Rijo, ambas na Baía de Guanabara. Após período preso no Forte do Leme, foi para o exílio em Portugal.
Ditadura militar

As outras duas prisões de ex-presidentes ocorreram durante o regime militar implantado em 1964. Presidente durante sete meses em 1961, Jânio Quadros  foi mantido por quatro meses em confinamento em Corumbá, em julho de 1968, por ordem do governo Costa e Silva. O objetivo era afastá-lo das manifestações políticas que sacudiam o País.

Em 13 de dezembro de 1968, na noite da decretação do Ato Institucional número 5 (AI-5), Juscelino Kubitschek, presidente de 1956 a 1961, foi preso ao sair de cerimônia de formatura no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi levado a quartel em Niterói e libertado em 22 de dezembro.

Até hoje, nenhum dos ex-presidentes havia sido preso por crime comum, nem tinha condenação judicial.

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