segunda-feira, 18 de abril de 2016

Treze momentos marcantes da votação do impeachment na Câmara dos Deputados


Deputados favoráveis ao impeachment celebram continuidade do processo contra Dilma
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados - 17.04.2016
Deputados favoráveis ao impeachment celebram continuidade do processo contra Dilma
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite deste domingo (17), o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff após mais de sete horas de discurso de votação. Foram 367 votos a favor, 137 contra, duas ausências e sete abstenções. Confira abaixo os momentos mais marcantes:
1. Faixa "Fora, Cunha"
Uma faixa com os dizeres 'Fora Cunha' chegou a ser estendida atrás da Mesa Diretora, causando confusão, e acabou sendo retirada
Ueslei Marcelino/Reuters 17.04.16
Uma faixa com os dizeres 'Fora Cunha' chegou a ser estendida atrás da Mesa Diretora, causando confusão, e acabou sendo retirada
No início da sessão, parlamentares contra o impeachment estenderam uma enorme faixa com a frase “Fora Cunha” para protestar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Irritado, o peemedebista exigiu silêncio dos parlamentares.
2. Cantoria de Paulinho da Força
Paulinho da Força em clima de 'Carnaval' na Tribuna
Agência Brasil
Paulinho da Força em clima de 'Carnaval' na Tribuna
Em seu discurso antes do início da votação, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) usou a tribuna para liderar um coro de parlamentares pró-impeachment em uma paródia da canção Para não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré.
"Dilma vai embora que o Brasil não quer você e leve o Lula junto e os vagabundos do PT”, cantou, enquanto um colega a seu lado fazia uma chuva de papel picado.
3. Tumulto
Deputados trocaram insultos no início da sessão
Antonio Augusto/Câmara dos Deputados - 17.04.16
Deputados trocaram insultos no início da sessão
O começo da sessão da Câmara teve tumulto e troca de insultos entre deputados que gritavam "fora PT" e os que entoavam "não vai ter golpe".
Cunha pediu silêncio e ordem e chegou a ameaçar chamar os seguranças para tirar o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) da sessão. Ele também pediu que os deputados evitassem ficar atrás da tribuna com cartazes pró e contra o impeachment.
4. "Tchau, querida"
Deputados seguram placas com os dizeres
Antonio Augusto/Câmara dos Deputados - 17.04.16
Deputados seguram placas com os dizeres "Tchau, querida", fazendo referência ao cumprimento de Lula a Dilma em ligação gravada por grampo e divulgada
A frase usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acabar a conversa com Dilma no polêmico telefonema divulgado pelo juiz Sergio Moro virou bordão dos deputados pró-impeachment.
"Tchau, querida", diziam cartazes levados ao plenário.
Muitos também acabaram seu discurso com a frase, entre eles Elizeu Dionízio (PSDB-MS) e Alexandre Leitte (DEM-SP).
5. "Nojo" de Temer
Silvio Costa fez um discurso exaltado em que chamou Cunha de 'cachorro morto'
Agência Brasil
Silvio Costa fez um discurso exaltado em que chamou Cunha de 'cachorro morto'
Em seu discurso na tribuna, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PT do B-PE), disse ter "nojo" do vice-presidente Michel Temer por querer "arrancar" o mandato de Dilma e chamou Cunha de "cachorro morto".
“Depois que descobriram as contas dele na Suíça, eu parei de bater no deputado Eduardo Cunha. Parei porque ninguém chuta cachorro morto, mas hoje vou ter que bater porque o cachorro continua latindo”, disse.
"Outro cara de quem estou com nojo é Michel Temer. E eu não tenho outra palavra que não nojo. Faz dois anos que ele vem conspirando contra a presidente.”
6. Renúncia pelo "sim"
Ex-ministro de Dilma, Alfredo Nascimento votou pelo impeachment
Agência Brasil
Ex-ministro de Dilma, Alfredo Nascimento votou pelo impeachment
Ao declarar seu voto a favor do afastamento de Dilma, o deputado Alfredo Nascimento (PR-AM) renunciou à presidência nacional do PR, partido que havia instruído seus correligionários a votarem contra o impeachment. A decisão causou surpresa no plenário.

"Numa reunião do nosso partido, o partido decidiu encaminhar o voto 'não'. Em respeito ao meu partido, aos meus colegas parlamentares, quero comentar que renuncio à presidência do PR porque entendo meu voto de forma diferente. Meu voto pertence ao povo do Amazonas, que me botou na vida publica há 30 anos. Voto sim", disse Nascimento.Antigo aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Nascimento foi ministro dos Transportes de Dilma. Ele deixou o cargo após ser acusado de participar de um esquema de corrupção dentro do ministério, mas nega as acusações.
7. Cunha entre vaias, aplausos e ameaças
Alvo de ataques de deputados anti-impeachment, Cunha fez discurso breve ao votar
Câmara dos Deputados
Alvo de ataques de deputados anti-impeachment, Cunha fez discurso breve ao votar
Ao proferir seu voto pelo impeachment, o presidente da Câmara foi, primeiro, vaiado e, logo em seguida, aplaudido.
Seu discurso ao votar foi um dos mais breves: "Que Deus tenha misericórdia desta nação."
Ao proferir seu voto a favor do impeachment o deputado Expedito Netto (PSD-RO) ameaçou Cunha: "Gostaria de dizer que hoje estamos votando o processo de impeachment da Dilma, mas amanhã é o seu (dirigindo-se ao presidente da Câmara). Contra a corrupção, venha ela de onde vier. Voto sim!"
8. "Pelos militares de 64"
Filho de Eduardo Bolsonaro não teme comparações com golpe de 64
Câmara dos Deputados
Filho de Eduardo Bolsonaro não teme comparações com golpe de 64
Sem preocupação com as comparações com o golpe de 64, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e seu pai Jair Bolsonaro (PSC-RJ) dedicaram seus votos pelo impeachment aos militares que destituíram João Goulart há 52 anos.
"Pelo povo de São Paulo nas ruas com o espírito dos revolucionários de 32, pelo respeito aos 59 milhões de votos contra o estatuto do desarmamento em 2005, pelos militares de 64, hoje e sempre, pelas polícias, em nome de Deus e da família brasileira, é sim. E Lula e Dilma na cadeia", disse Bolsonaro filho.
"Perderam em 64 e perderam agora em 2016", ecoou Bolsonaro pai, que dedicou seu voto à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi em São Paulo, órgão de repressão política que foi palco de torturas durante o regime militar.
9. "Por Marighella"
Glauber Braga citou líder guerrilheiro ao votar contra impeachment
Câmara dos Deputados
Glauber Braga citou líder guerrilheiro ao votar contra impeachment
Em seu voto contra o impeachment, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) também fez referência a figuras históricas - mas do outro lado do espectro político.
Ele citou o líder guerrilheiro Carlos Marighella, considerado um dos maiores inimigos da ditadura.
"Senhor Eduardo Cunha, o senhor é um gangster. O que dá sustentação a sua cadeira cheira a enxofre. Eu voto por aqueles que nunca escolheram o lado fácil da história. Voto por Marighella, por Plinio de Arruda Sampaio, por Luis Carlos Prestes, eu voto por Olga Benário, eu voto por Zumbi dos Palmares, eu voto não."
10. "Pela paz em Jerusalém"
Pastor da Assembleia de Deus, Fonseca lembrou conflito no Oriente Médio em seu voto
Câmara dos Deputados
Pastor da Assembleia de Deus, Fonseca lembrou conflito no Oriente Médio em seu voto
Discursando pelo PROS, o deputado Ronaldo Fonseca (DF) disse que o discurso de que o impeachment seria "golpe" não passa de "diarreia verbal".
Coordenador da Bancada da Assembleia de Deus na Câmara, ao anunciar seu voto Fonseca mostrou preocupação pelo conflito no Oriente Médio.
“Sem medo de ter esperança e com a convicção de que a Constituição Federal ampara essa sessão. Pela paz em Jerusalém, eu voto sim", disse.
11."Hipocrisia por metro quadrado"
Professora Marcivania denunciou o que disse ser 'hipocrisia'
Reprodução
Professora Marcivania denunciou o que disse ser 'hipocrisia'
Em um dos votos mais aplaudidos do lado governista, a deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP) denunciou o que na sua avaliação seria a "hipocrisia" dos que votavam pelo impeachment.
"Eu acho que nunca vi tanta hipocrisia por metro quadrado, dizer que vai lutar contra a corrupção colocando Temer e Cunha no poder. O povo sabe e vai enxergar isso", disse.
12. O 342º voto pelo impeachment
O deputado Bruno Araújo chorou ao dar o voto decisivo
Câmara dos Deputados
O deputado Bruno Araújo chorou ao dar o voto decisivo
O deputado Bruno Araújo (PSDB–PE) se emocionou e chorou ao dar o voto decisivo para a aprovação do impeachment.
“Quanta honra o destino me reservou de poder, da minha voz, sair o grito de esperança de milhões de brasileiros. Senhoras e senhores, Pernambuco nunca faltou ao Brasil. Carrego comigo nossa história de luta pela democracia. Por isso, digo ao Brasil 'sim' pelo futuro”, disse.
13. Cusparada em Bolsonaro
O deputado Jean Wyllys declara seu voto
Agência Brasil
O deputado Jean Wyllys declara seu voto
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) cuspiu em direção ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) após declarar seu voto contrário à abertura do processo de impeachment de Dilma. Ele justificou a atitude dizendo ter sido insultado e agarrado pelo colega.
"Ele merece. Cuspiria na cara dele quantas vezes eu quisesse", afirmou Wyllys.
Bolsonaro disse que só "30%" do cuspe o atingiu.

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