sábado, 5 de março de 2016

12 coisas para você JAMAIS dizer ou fazer ao conversar sobre sexo com crianças


Coisas para você JAMAIS dizer ou fazer ao falar sobre sexo com crianças


É natural que crianças façam muitas perguntas, e o assunto “sexo” certamente aparece entre elas mais cedo ou mais tarde. Conforme elas crescem, a complexidade das dúvidas também aumenta e, neste momento, é muito importante se atentar para as respostas e reações para evitar problemas futuros, tanto na relação entre pais e filhos, como na dos filhos com terceiros (namoradas, namorados, amigos).
Quando a criança começa a perguntar sobre sexo?Crianças não são padronizadas. Por isso, o desenvolvimento de cada uma depende de uma série de fatores. De acordo com a psicóloga infantil Raquel Benazzi, do Núcleo Terapêutico Corujas, a idade média para começar aperguntar sobre sexo é 5 anos. No entanto, isto varia necessariamente de acordo com a rotina da criança. “Se ela não assiste novela com a família, não tem irmão mais velho ou não é habituada a ver carinho entre os pais, é bem possível que essa curiosidade apareça mais tarde”, comenta.
No entanto, independente da idade em que as perguntas apareçam, é essencial que os pais estejam preparados para respondê-las de forma clara e correta. “A criança é um livro em branco. Ela não pergunta com malícia. É pura curiosidade. Mas, a forma como os pais lidam com essas questões é o primeiro registro nas páginas em branco que a criança vai ter sobre sexualidade. A angústia, os receios, os tabus, as inseguranças, o pudor e o moralismo dos pais podem passar para a criança, mesmo sem que eles percebam, e afetar seu desenvolvimento”, explica a especialista.
Por isso, é importante que mães, pais e outros cuidadores estejam preparados para todos os tipos de perguntas, desde as mais simples até as mais cabulosas, e saibam quais são as atitudes nocivas que devem ser evitadas.
Como falar sobre sexo com crianças: o que evitar
Antecipar respostasCom as crianças, Raquel diz que os pais não precisam se antecipar para responder questões que ainda não foram trazidas por elas. “Quando a dúvida surgir, ela vai perguntar. Antes disso não precisa responder nada. Às vezes, a ansiedade de falar sobre determinado assunto é dos pais e não da criança”, diz.
Responder mais do que foi perguntado
Ao se deparar com a primeira pergunta, muitos pais acreditam que precisam esgotar aquele assunto e acabam respondendo demais. “Se ela pergunta de onde veio, basta responder que foi da barriga da mamãe, por exemplo. Se for o suficiente, as perguntas vão acabar. Se não for, ela vai perguntar: ´e como eu cheguei na barriga da mamãe?'. Só então é preciso continuar explicando”, orienta Raquel, que ainda alerta que, ao fornecer informações além das solicitadas, a criança não assimila e pode até se assustar.
Reprimir as perguntasSe ao fazer uma pergunta a criança é reprimida, ela assimila que aquele assunto é proibido, errado e não pode ser falado. Como consequência, quando tiver dado seu primeiro beijo ou tido relações sexuais, esse adolescente não vai considerar seus pais um ponto de segurança. Raquel alerta que essa ausência de comunicação ainda pode afetar a saúde deles. “Às vezes, eles escondem incômodos, dores ou sintomas anormais que necessitam de acompanhamento médico por medo da reação dos cuidadores”, diz.
Recusar-se a responder perguntas ou a ter uma conversa sériaA criança, quando não encontra a informação que precisa em casa ou na escola, busca sozinha e, neste contexto, pode encontrar fontes não confiáveis. Isso pode afetar o seu desenvolvimento, desencadeando a sexualidade precoce ou tardia, por exemplo. “Sexo é natural e falar sobre isso também precisa ser. Não dá para uma família fugir dessa situação. Vai ser uma fuga momentânea e muito prejudicial”, explica a especialista.
Deixar momentos passaremNo entanto, a psicóloga explica que algumas situações, mesmo quando não foram trazidas pelos filhos, devem ser abordadas. “A menstruação é uma delas. Se a família sabe que a menina vai menstruar e ainda não conversou sobre isso, então, é importante chamar para conversar mesmo sem ter tido uma pergunta anterior”, orienta.
O mesmo deve acontecer com filhas ou filhos mais velhos no momento em que a família perceber que eles estão prestes a perder a virgindade. “Se nesse período eles ainda não vieram fazer nenhum tipo de pergunta, então é preciso sentar e ter uma conversa tranquila de orientação. É importante explicar que é natural que eles passem a sentir desejo por outro menino ou menina e que, por isso, precisam saber como se proteger” comenta Raquel.
Outro aspecto importante é a relação de confiança que precisa ser estabelecida entre a mãe ou pai e filho. “Eles precisam saber que haverá alguém sempre ali, do lado deles, para responder perguntas e ajudar nas dificuldades, mesmo que seja a vergonha de ir até a farmácia comprar uma camisinha ou de carregar o preservativo na bolsa”, recomenda a psicóloga.
Perguntar demais ou não perguntarNão perguntar sobre a vida dos filhos, especialmente daqueles que estão na adolescência, pode ser mostra de desinteresse. Ao mesmo tempo, perguntar demais pode soar invasivo e ter efeito contrário, afastando o jovem dos pais. Por isso, respeitar o espaço e a individualidade do outro e, ao mesmo tempo, não ser inconveniente éessencial para a construção de laços de confiança. “Essa mãe ou esse pai pode perguntar uma vez. Se ele disser que não quer falar nada, tem que respeitar. Mas, jamais as orientações devem ficar de lado. Nesse caso, diga que ele não precisa contar nada, mas que algumas orientações serão feitas. E aí, então, os pais devem falar sobre contracepção, uso de preservativo e sentimentos”, exemplifica Raquel.
Dar exemplos pessoais
É constrangedor para uma criança imaginar sua mãe ou seu pai em determinadas situações. Então, a recomendação da psicóloga é a de nunca se colocar nos exemplos ou contar casos extremamente íntimos e pessoais. “A criança, quando está perguntando sobre sexo, não está querendo saber do pai e da mãe. Ela está perguntando de forma geral. Não precisa dizer ´eu e seu pai transamos para fazer você'. Explicar que para gerar um bebê um casal precisa se gostar e namorar é mais lúdico e respeitoso”, recomenda.
Já em contextos gerais, histórias que não sejam extremamente íntimas podem surtir efeito, especialmente com adolescentes, para uma conversa mais tranquila e despretensiosa. “A mãe, por exemplo, pode contar como foi quando estava com a mesma idade do filho: ´Quando eu tinha sua idade, pensava tal coisa, depois, descobri que não era bem assim'”, exemplifica a especialista.
Esconder verdadesSe as crianças fizerem perguntas específicas sobre o pai, a mãe ou parentes, o ideal é não fugir da resposta. Desde a infância aquele indivíduo precisa saber que a verdade deve sempre prevalecer, e ele só aprenderá através dos exemplos.
Falar com agressividade
Ao falar com agressividade, a mensagem passada para a criança é a de que aquele assunto é desconfortável. Com isso, além de afetar a construção da confiança entre cuidadores e filhos, a reação ainda pode gerar inseguranças e afetar o desempenho de sua sexualidade na vida adulta.
Inventar nomes
Durante um diálogo, se para se referir aos órgãos genitais os pais inventam nomes fictícios, parece que estão se esquivando da realidade e que é um problema falar sobre isso. Para evitar reforçar um tabu que é tão prejudicial para o pleno desempenho da sexualidade na vida adulta, Raquel diz que é essencial dar o nome correto às regiões do corpo. “Vulva é vulva. Vagina é vagina. Pênis é pênis. Muitas vezes, é mais difícil para os pais pronunciarem essas palavras do que para as crianças”, reforça.
Reagir de forma perplexa ou angustiante
Se enquanto a criança faz a pergunta os pais já começam a demonstrar medo, insegurança, perplexidade ou angústia, ela vai compreender que aquele é um assunto difícil de ser abordado. Com isso, a comunicação pode ser afetada porque, a cada dúvida que surgir, ela vai ter receio de externalizar. “Mas, se os pais tratam esses assuntos com naturalidade, a primeira pessoa que a criança ou o jovem vai recorrer quando surgir uma questão vai ser a mãe ou o pai. Esse é o cenário ideal”, explica a psicóloga.
Não conversar antes
Antes de conversar com as crianças, o casal precisa alinhar alguns pontos. Muitas vezes, algumas questões são tabus para o adulto e isso precisa ser resolvido antes do momento com os filhos. “Tem que treinar a naturalidade e combinar como vão contar algumas coisas caso eles perguntem. Nesses casos, para ajudar, vale recorrer à internet ou falar com o professor na escola. E, sempre lembrar que eles não estão perguntando do ato sexual em si, que envolve prazer e malícia, mas sim da atividade fisiológica”, orienta Raquel.

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